sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

ALFABETIZAR E LETRAR: REFLEXÕES COM BASE NO MÉTODO FÔNICO

(Resumo da Equipe)

São discutidos nessa matéria aspectos relativos aos processos de aprendizagem e ensino relativos à leitura e escrita, a luz da perspectiva metodológica fônica. Essa perspectiva defende o trabalho sobre os segmentos da fala e as relações entre fonemas e os grafemas.
Os autores defendem as especificidades do processo de alfabetização, mas não dissocia do processo de letramento. Já que a entrada da criança ou do adulto não alfabetizado no mundo da escrita, acontece simultaneamente por meio desses dois processos: a aquisição do sistema convencional da escrita (a alfabetização) e o desenvolvimento de habilidades de uso desse sistema em atividades de leitura e escrita, nas práticas sociais que envolvem o texto escrito (o letramento). Ler e escrever implicam a vinculação de habilidades auditivas, fonadoras e visuais com a coordenação motora fina.
A proposta metodológica fônica trata justamente da intervenção naquilo que é especifico ao desenvolvimento da leitura e da escrita iniciais: o manuseio, a manipulação e a criação por meio do conhecimento das relações das unidades básicas do nosso sistema de representação escrita. O método fônico propõe um trabalho planejado e sistemático com as relações fonológico-grafêmica, bem como com as habilidades cognitivas subjacentes ao estabelecimento dessas relações, isto é, a consciência fonológica.
É importante considerar que a leitura é condição pra se escrever. Assim como não se fala sem escutar, não se escreve sem ler. Embora se estabeleça relativa anterioridade da leitura em relação à escrita, elas podem ser desenvolvidas quase concomitantemente, desde que se explorem as especificidades de cada um desses processos.
Por fim, cabe salientar que de acordo com o método fônico, não se recomenda usar os nomes das letras para ensinar a ler e a escrever. Os nomes que as letras têm não possuem relação com a maneira como elas devem ser lidas no contexto da produção escrita.
Aprender a decodificar e codificar é apenas um dos passos no processo de aprendizagem e desenvolvimento da leitura e escrita. Entretanto, trata-se de uma etapa essencial, sem a qual o nível de letramento do individuo não pode ser aprimorado continuamente.

Fonte:PRESENÇA PEDAGOGICA. V.15. Nº89. SET/OUT. 2009
Matéria original de: ANA CLAUDIA DE SOUZA E CASSIO RODRIGUES

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Video sobre Alfabetização e Letramento

Confira no link: http://www.youtube.com/watch?v=asS512CgmNo
Como definir a idade de entrada no
ensino fundamental de 9 anos?


Ao tomar conhecimento da obrigatoriedade da matrí-
cula aos 6 anos de idade, Toledo, um dos oito municípios
do Paraná com Sistema Municipal de Ensino organizado,
constituiu uma Comissão Mista, com participação de
diversos setores, para levar ao Conselho Municipal de
Educação (CME) as conclusões sobre as implicações da
nova legislação na educação escolar. O relatório com
os resultados desses estudos foi encaminhado ao CME/
Toledo e, depois de analisado, foi traduzido em normas
para a implantação da matrícula obrigatória aos 6 anos, no Sistema
Ildo Bombardelli é secretário de educação do município de Toledo (PR).
Municipal de Ensino local. A Deliberação mantinha, como anteriormente,
o "corte etário": matrícula no 1o ano das crianças que completassem 6
anos até 1o de março.
No entanto, o município e o CME, assim como todo o estado do Paraná,
foram surpreendidos por uma liminar da ação civil pública, requerida
pelo Ministério Público do Paraná, determinando que todas as crianças
que completam 6 anos durante o ano letivo têm o direito de ingresso
no 1o ano. Novas normas tiveram que ser definidas pelo CME com o
objetivo de atender às determinações judiciais.
Com a implantação dessa nova medida, surgem questões que desa-
fiam pais e educadores. O trabalho coordenado pela Secretaria Municipal
da Educação e pelo CME de Toledo procurou dar o enfoque adequado
para que o processo ensino-aprendizagem ocorresse da melhor forma
possível.
Buscou-se, então, adequar o atendimento pedagógico e as propostas
metodológicas às novas condições. O intenso trabalho de formação
continuada desenvolvido com todos os servidores da educação teve, no
primeiro ano, resultados animadores em termos de aprendizagem.
Apesar dos problemas, os trabalhos da Secretaria da Educação e
do CME de Toledo resultaram em propostas adequadas para o atendi-
mento das crianças. A prática, por ser recente, deve ser observada e
avaliada com atenção. O ponto positivo dessa história é a participação
e o envolvimento de todos na discussão sobre o processo educacional.

no 18/2005 da Câmara de Educação Básica do Conselho
Nacional de Educação que estabelece que o futuro aluno
tenha 6 anos completos ou que faça aniversário no mês de
início das aulas. Para a implantação dessa medida, o município
vem estudando, juntamente com a comissão de implantação
e representantes dos vários segmentos escolares, o docu-
mento do MEC, que contém textos de orientação pedagógica
e artigos com uma defesa conceitual sobre a infância de hoje
e diversos outros temas.
Quando adotamos essa data de corte (30/03), levamos em conta que
algumas especificidades relativas à infância precisam ser respeitadas, haja
vista que, se não adotássemos essa medida, iríamos receber, num mesmo
espaço, crianças com diferentes graus de interesse e maturidade. Com
isso, além de assegurar o desenvolvimento cognitivo da criança, ela passa
a conviver mais cedo com outras da mesma idade, favorecendo que, no
processo de conhecimento, compartilhem, de modo mais equilibrado, suas
potencialidades, sua percepção e domínio de informações. Além disso, em
termos organizacionais, todas as escolas possuirão parâmetros comuns.
Entendemos que são três os fatores fundamentais para garantir o
sucesso dessa passagem: adequação da estrutura física, formação dos
professores que vão assumir as turmas de 6 anos e montagem de uma
proposta pedagógica clara e consistente. Isso envolve questões de ordem
pedagógica, como rever currículos, formar professores, reformular os
espaços físicos e adaptar os sistemas de avaliação.
Acreditamos que a educação brasileira só tem a ganhar com o Ensino
Fundamental de 9 anos. Essa mudança veio para qualificar a educação, por
permitir que as crianças, por ingressarem aos 6 anos no ensino fundamental,
permaneçam na escola por mais tempo e tenham mais oportunidades socio-
culturais pelo convívio com maior número de pessoas. Ao se estender o tempo
de estudo, consequentemente, amplia-se as possibilidades de aquisição de
conhecimentos.

Fonte: Jornal letra A Belo Horizonte, março/abril de 2009 - Ano 5 - n° 17

Matéria da Revista Nova Escola

REVISTA NOVA ESCOLA:

A revista Nova Escola n°226, de outubro de 2009 aborda na matéria Hora de aperfeiçoar nas páginas 90 à 92, as diferentes revisões que um texto deve passar, e os beneficios que isso pode gerar para os alunos.
A prática de correção dos textos dos alunos feita pelo professor, que antes era somente uma busca aos erros ortográficos e de pontuação, vem sendo gradativamente mudada pelos professores que sabem da importância de desenvolver nos alunos a capacidade de um processo de revisão mais elaborado

Aspectos que devem ser trabalhos pelo professor em sala de aula:
● Na hora de contar uma história deve-se buscar a clareza e coerência, direcionando para os pontos que colaboram com os aspectos discursivos.
● A revisão do texto não pode ser uma etapa final da produção.
● O aluno deve fazer uma leitura crítica do próprio material com ajuda do professor.
● Para o aprimoramento do texto é necessário que os alunos trabalhem em grupos, em duplas e individualmente.

Dicas de site sobre revisão de texto:
www.ne.org.br

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Por dentro da alfabetização

15/10 - 12:33
Agência Fapesp

SÃO PAULO – Um estudo feito com ex-guerrilheiros está ajudando a ciência a compreender melhor as regiões do cérebro envolvidas no processo de alfabetização. O trabalho, feito por pesquisadores da Colômbia, Espanha e Reino Unido, revela como a estrutura do cérebro se altera após a aprendizagem da leitura.

A linguagem é uma capacidade unicamente humana que surgiu em algum momento durante os 6 milhões de anos desde que o homem e o chimpanzé divergiram. Mesmo sem ser ensinadas ou na ausência de adultos para tomar como base, crianças desenvolvem sistemas linguísticos sofisticados. Mas a leitura é uma habilidade que se aprende e que não se desenvolve sem ensino e prática.

Compreender como as estruturas cerebrais mudam quando se aprende a ler tem se mostrado muito difícil à medida que a maior parte das pessoas é alfabetizada quando criança, no mesmo período em que aprendem muitas outras habilidades.

Por conta disso, os cientistas enfrentam muita dificuldade em separar as alterações promovidas pelo processo de alfabetização das relacionadas ao aprender a jogar bola ou tocar um instrumento, por exemplo.

O novo estudo, publicado na edição desta quinta-feira (15/10) da revista Nature, superou essas dificuldades ao encarar uma situação incomum: a possibilidade de analisar ex-integrantes de guerrilhas colombianas que estão se reintegrando na sociedade e aprendendo a ler pela primeira vez já adultos.

“Separar mudanças em nossos cérebros causadas pela alfabetização até agora tinha se mostrado impossível por conta de outros fatores. Poder trabalhar com esses ex-guerrilheiros é uma oportunidade única de ver como o cérebro se desenvolve quando a capacidade de ler é adquirida”, disse Cathy Price, da University College London, uma das autoras da pesquisa.

Os autores analisaram imagens feitas por ressonância magnética do cérebro de 20 ex-guerrilheiros que completaram um programa de alfabetização em espanhol. As imagens foram comparadas com as de 22 outros ex-guerrilheiros que não haviam iniciado o programa.

Os resultados revelaram as áreas do cérebro envolvidas no processo de alfabetização. Os autores analisaram também como essas regiões estão conectadas em adultos que aprenderam a ler normalmente, durante a infância.

Os pesquisadores observaram que para quem aprendeu a ler, tanto como adulto como quando criança, a densidade de massa cinzenta (onde ocorre o “processamento” cerebral) é maior em diversas áreas do hemisfério esquerdo do cérebro.

Essas áreas são responsáveis pelo reconhecimento das formas das letras e por traduzir as mesmas em sons e em significados. Ler também aumenta a intensidade das conexões de massa branca (constituída pelas fibras que interligam os neurônios) entre diferentes regiões no cérebro.

O estudo destaca que especialmente importantes são as conexões em uma área conhecida como giro angular. Cientistas sabem há mais de 150 anos que essa região do cérebro é importante para a leitura, mas o novo estudo mostra que seu papel não havia sido corretamente entendido.

Até então, achava-se que o giro angular reconhecia as formas das palavras antes de associar seus sons e significados. O novo estudo mostra que o giro angular não está envolvido diretamente na tradução de palavras visuais em sons e significados. Em vez disso, ele apoia esse processo ao fornecer previsões do que o cérebro espera ver.

“A visão tradicional tem sido a de que o giro angular atua como uma espécie de dicionário que traduz as letras de uma palavra em um significado. Na realidade, mostramos que seu papel é mais uma antecipação do que nosso olho vai ver. É algo parecido com a função de sugestão de texto dos telefones celulares na hora de digitar mensagens”, disse Cathy.

Segundo os cientistas, os resultados do estudo deverão ter importantes implicações na investigação das causas de problemas como a dislexia. Estudos com indivíduos disléxicos apontaram áreas de redução nas massas branca e cinzenta em regiões que cresceram após a alfabetização. O novo estudo sugere que algumas das diferenças verificadas em casos de dislexia podem ser consequência – e não causa – de problemas de leitura.

Programa revela avanços da alfabetização em Minas

Os dias se passavam sem que Ruan Giovani Alves, de 8 anos, aprendesse a ler e escrever. Só conseguiu quando uma professora generosa resolveu escrever exercícios no caderno dele e ensiná-lo as letras, sem permitir que ele deixasse de freqüentar as aulas com alunos da sua idade. Essa lição da professora Maria Cunha de Ardana e outros bons exemplos levaram a Escola Estadual Necésio Tavares, do Bairro Alto Vera Cruz, na Região Leste de Belo Horizonte, a entrar na lista das melhores da capital classificadas no Programa de Avaliação da Alfabetização (Proalfa), divulgada quarta-feira. Na rede estadual de ensino, a situação avançou: 72,5% dos alunos com oito anos matriculados no 3º ano do ensino fundamental sabem ler e escrever, contra 48,7% em 2006. Dos 27,5 que ainda têm dificuldade, 13,8% estão na classificação mais baixa: lêem apenas palavras soltas e não conseguem entender a frase.

A Escola Estadual Dr. Ovídio de Andrade, em Ipatinga, no Vale do Aço, é a primeira colocada entre as 2.450 avaliadas, com 719,93 pontos de proficiência em uma tabela com média de 500 e máximo de 800. A meta da Secretaria Estadual de Educação é acabar com a categoria de pior colocação até 2010 e chegar a 89% de crianças lendo e escrevendo segundo critérios recomendáveis para a idade. Para a secretária estadual, Vanessa Guimarães, é preciso comemorar os avanços de 2006 para cá, quando o resultado começou a ser medido no mesmo padrão. O aumento do percentual de alunos de escolas estaduais que mostram conhecimento recomendável é estímulo para a busca de avanço maior. “Já foi uma vitória e sabemos que, ao propor meta para melhorar, estamos nos lançando diante de uma aventura que vai exigir de todos um esforço grande.” Entre os alunos da rede municipal, os que tiveram desempenho recomendável foram 57%. Apesar de estar abaixo da média estadual, houve melhoria com relação aos 42,7% de 2006.

Para tentar melhorar os índices, a secretaria mantém 200 especialistas para ajudar as escolas a montar estratégias. O Proalfa tem informações de todos os municípios, todas as escolas e cada aluno. Recursos para reformas físicas também são liberados, segundo ela, principalmente para escolas do Norte de Minas e do Vale do Jequitinhonha. A classificação no exame acompanha a pobreza das regiões do estado. Das 46 superintendências de educação, a de Pirapora, no Vale do São Francisco, está na lanterna. As melhores colocadas são a de Monte Carmelo, no Alto Paranaíba, que lidera a lista da rede estadual, e a de São Sebastião do Paraíso, no Sul de Minas, primeira colocada entre os avaliados de escolas municipais. A secretária admite que as classes iniciais estavam fora do foco do governo. “Não apenas em Minas, mas no país todo foram criados modelos e houve o afrouxamento do sistema que permitiu formar crianças que não sabiam ler.”

Bom exemplo

Não foram recursos nem facilidades que levaram a escola Necésio Tavares a ocupar a boa posição em BH, com 654,85 pontos de proficiência. Depois de conversas com a equipe e de comprovar que havia jovens de até 14 anos que não conseguiam compreender frases, a diretora Marli do Carmo de Melo resolveu mudar. Tomou coragem para fazer um levantamento com a opinião dos pais sobre a administração, abriu as portas da escola para eles, instituiu encontros festivos para confraternização dos professores e reativou a biblioteca com empréstimos estendidos à comunidade.

Mensalmente, ela aplica um simulado aos alunos, instrumento usado para reavaliação. “Mas o melhor mesmo é ter amor por isto aqui, saber ouvir críticas e dividir tudo com a equipe”, diz, revelando o segredo para manter boa qualidade no ensino de 668 alunos (100 deles em horário integral) em uma área pobre e com poucos recursos. Recompensa que pode ser percebida no desenvolvimento do pequeno Ruan. “Gosto de animais e não falto à escola”, resume o menino curioso, que tem um tempo diferente dos outros, mas consegue ler um texto de seis frases.


Fonte: Estado de Minas

Videos sobre Alfabetização e letramento

Estes são links de vídeos bem interessantes sobre Alfabetização e Letramento confiram...


http://www.youtube.com/watch?v=asS512CgmNo

http://www.youtube.com/watch?v=zwri7pO8UHU&feature=related